segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A AMANTE

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A AMANTE
Quando eu era ainda criança;
meu pai conheceu uma estranha,
recém-chegada à nossa cidade.
Desde o princípio,
meu pai ficou fascinado,
com esta encantadora novata e
a convidou pra  morar com gente.
A estranha aceitou e pasmem;
minha mãe também!
Enquanto eu crescia,
na minha mente jovem,
ela já tinha um lugar muito especial.
Minha mãe me ensinou o que
era bom e o que era mau e
meu pai me ensinou a obedecer, mas,
a estranha era mais forte;
nos encantava por horas,
falando de aventuras e mistérios.
Ela sempre tinha respostas
para qualquer coisa que
quiséssemos saber.
Conhecia tudo do passado,
do presente e até podia
predizer o futuro!
O chato é que não podíamos
discordar dela;
ela sempre tinha a última palavra!
Foi ela quem levou minha família
ao primeiro jogo de futebol;
Fazia a gente rir e chorar.
A estranha quase nunca,
parava de falar, mas,
o meu pai a amava; tinha até ciúmes; 
mandava a gente ficar em silêncio,
para poder ouvi-la.
Muitas vezes a levava pro quarto e
dormia com ela;
Minha mãe não gostava, mas, aceitava.
Agora me pergunto,
se minha mãe teria rezado alguma vez,
para que ela fosse embora.
Meu pai dirigia nosso lar,
com fortes convicções morais, mas,
a estranha não se sentia obrigada
a segui-las.
As brigas e os palavrões,
em nossa família,
não eram permitidos,
nem por parte de nossos amigos
ou de qualquer um que nos visitasse;
Entretanto, ela usava sempre,
sua linguagem inapropriada que
as vezes queimava meus ouvidos e
que fazia meu pai e minha mãe
se ruborizar.
Meu pai nunca nos deu permissão,
para tomar álcool e fumar, mas,
ela nos incentivava;
dizia que isto nos destacava
na sociedade.
Falava livremente
(talvez demasiado); sobre sexo.
Agora sei que meus conceitos,
sobre relacionamento pessoal ,
foram influenciados fortemente,
durante minha adolescência,
por ela.
Muitas vezes a gente a criticava, mas,
ela não se importava e
não ía embora da nossa casa; Mas,
também a gente era conivente,
com toda esta situação.
Passaram-se mais de cinquenta anos,
desde que a estranha,
veio para nossa família;
Desde então,
ela mudou muito, mas,
ainda continua jovem, prática,
bonita e elegante.
Esta lá em casa, tranquila;
esperando que alguém,
queira escutar suas conversas
ou dedicar seu tempo livre,
a fazer-lhe companhia e admirá-la.
Seu nome?
A chamamos de TELEVISÃO!
Mais conhecida por TV.
Agora ela arranjou um marido que
se chama COMPUTADOR e
tiveram um filho,
que se chama TABLET e
um netinho de nome CELULAR.
A estranha agora tem uma família;
E a nossa família, por causa deles;
cada vez mais distantes uns dos outros.
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